Loomio
Tue 21 Nov 2017 9:06AM

Como nos referimos ao modelo de língua?

EMQ Eliseu Mera Quintas Public Seen by 106
JLF

Joám Lopes Facal Mon 27 Nov 2017 11:16AM

Amigas Antia e Alberto, comparar o galego degradado com o esplendor do português culto nom é honesto.
A suposiçom de que a situaçom de degradaçom do galego e a fraqueza da consciência nacional que a nutre serem processos historicamente irreversíveis pode ser qualificada de derrotismo, moral que nom comparto.
O menosprezo social polo galego ao que aludides é sobejamente superado polo menosprezo polo português e, em consequência, a batalha pola hegemonia regeneradora da galego é mais verossimil que a opçom substitutória que abonades.
O entusiasmo polo sintagma "português da Galiza" --dificilmente compreensível para mim, e mesmo provocativo-- carece de atractivo social no país a nom ser como metáfora dos cursos de EOI.
Em definitivo, o esforço --baldio ou nom-- pola reabilitaçom do idioma dos galegos --podo usar legitimamente a expressom ,espero-- é muito mais produtivo que esse "culto cargo" --desculpade o símil-- que pretende auspiciar as bençons idiomáticas internacionais mediante ritos propiciatórios que eu aprovaria se nom comportassem abjurar do suposto cadáver lingüístico que nos identifica, cuja vitalidade ramanente é a inveja do euskera, por exemplo.
O galego, amigas e amigos, existe e nom vai morrer de hoje para manhã, a sua situaçom é a melhor metáfora da submissom da Galiza que aspiro também a reverter porque na história nada tem a última palavra .

C

Ângelo Cristóvão Tue 28 Nov 2017 12:58AM

Caro Joám, permite-me discordar e não aceitar a desqualificação (azeda e gratuita) que fazes dos que optamos por salientar a necessidade tornar normal, corrente, comumente aceite, o nome "português" para o galego, dentro da Galiza, o que não exclui necessariamente o uso de "galego" ou outros nomes conforme os casos, como outros intervenientes têm indicado. Do meu lado está quase toda a história das línguas nacionais europeias, que é o patamar onde, supostamente, queremos entrar.... ou não? A isto convém acrescentar o pequeno detalhe de estarmos a fazer isto com mutíssima demora histórica em relação o próprio modelo original. Viria bem aqui citar o artigo de Lluís Aracil "Llengua nacional: una crise sense crítica?"
Pensando em jogar limpo, importa não enganar-nos ou iludir-nos mais do necessário, polo menos quando falamos ou escrevemos entre nós, galegos comprometidos com a língua e com o país. Seria para isto oportuno resgatar a distinção escolástica entre potência a ato. Concedamos que o galego é uma língua nacional em potência, mas não é de facto, polo menos conforme ao que se entende na Europa como língua nacional. Podemos pôr todos os exemplos possíveis a favor, que os há, e muito meritórios, mas são claramente insuficientes. Aqui ao lado temos o caso do asturiano. Afirmar que é língua nacional pareceria algo excessivo, salvo que reduzamos a noção de língua nacional ao absurdo. Para contextualizar o razoamento seria ajeitado lembrar as advertências de Claude Lévy-Strauss sobre os usos oportunistas do conceito de Relativismo Cultural, em Raça e Cultura.
Não compensa trazer para aqui os detalhes das misérias em que nos meteram alguns que se dizem notáveis galegos, esses que nos queriam vender o modelo de "lengua do pobo", lubrificado com altas doses de facilitismo. Esse modelo falhou, tal como advertiam repetidamente Carvalho Calero, Marinhas del Valle ou Guerra da Cal há décadas. Agora há que reformular o projeto e, de facto, em parte, é o que estamos a fazer todos nós, aqui, neste foro e em geral no PGL.
Isto não quer dizer que tudo o que está escrito em galaico-castelhano seja para deitar ao lixo. Haverá que ir pensando em adaptar os textos valiosos para o padrão comum, tal como já começou a fazer a AGAL com o Sempre em Galiza, ou a AGLP com a Coleção dos Clássicos da Literatura Galega.
Recebe o meu mais caloroso abraço e a minha maior consideração.

ACL

Antia Cortiças Leira Tue 28 Nov 2017 8:21AM

Desculpa @joamlopesfacal1 eu não comparo pelo bom nem pelo mau, comparo por tudo, igual que digo que nas nossa língua oral diária usamos quase irremediavelmente palavras como bueno ou vale também existem ainda traços que são bem "aportuguesados" se não queres chamá-los de "portugueses" nessa mesma língua oral sempre que não provenha de pessoas neo-falantes e/ou urbanitas-falantes. E também não concordo com o de submissão... mais submissos do que agora não podemos estar... deixamos aquilo que era nosso em mãos alheias completamente. E para recuperar o que é nosso há que estar onde está a nossa descendência. Não é derrotismo nenhum, tudo o contrário, é tentarmos de recuperar uma pouca da hegemonia que nos foi arrebatada, que nos deixamos arrebatar, é voltar a poder dar conselhos aos filhos mesmo que eles não nos/os queiram ouvir... E precisamente pelo que referes na última frase é que acho tudo isto de tanto barulho por um nome um bocado improdutivo (sempre se aprendem coisas de refletirmos conjuntamente), dado que somos a inveja para o euskera no uso interno social e a panaceia para os catalães no uso externo internacional... aproveitemos que o temos tudo! Valorizemos o interno fazendo-o externo.

ACL

Antia Cortiças Leira Tue 28 Nov 2017 8:33AM

E entretanto nós continuamos a debater, outros "menos legítimos" vão apanhando posições...

XDG

Xurxo do Galheiro Tue 28 Nov 2017 9:10AM

Prezada Antia, o teu argumento parte em grande medida do voluntarismo co que interpretas a "língua". Outros, galegos/as tamém, mesmo docentes de português na Galiza, falam um excelente português e nunca, nunca, nunca falam GALEGO. Por isso, e na minha humilde e amigável opiniom, mais do que ser umha agência do português -e uso propositadamente este nome da nossa língua pluricêntrica- na Galiza (já existem outras associaçons com esse objectivo) seria interessante centrarmos o debate sobre a quem se dirige a AGAL.

JLF

Joám Lopes Facal Tue 28 Nov 2017 10:09AM

Excelente apontamento, Xurxo; pola minha parte podo acrescentar outro: tanto se degradou o galego durante a limitada vida da AGAL como para acabar concluindo que se trata dum romance irrecuperável? E aínda: é razoável educar @s noss@s filh@s em português -- últra minoritário na Galiza-- em vez de practicar um galego de qualidade que podam identificar com o idioma que escuitam a cotio?

C

Ângelo Cristóvão Tue 28 Nov 2017 10:37AM

Caro, seria desonesto apresentar ou identificar língua portuguesa só com o padrão de Lisboa. Em qualquer caso, um galego de qualidade, que é o que tentamos todos criar e promover, oralmente e por escrito, mantém uma distância notável em relação às falas populares, em maior ou menor medida castelhanizadas. Pode registar-se uma enorme variação dependendo da procedência, idades, formação, etc. O modelo está bastante bem definido por António Gil quando explicou o que é a correlação diglóssica entre um modelo A de língua culta e os falares da mesma língua, como condição de normalidade. Acrescento um caso concreto. Não conheço todas as pessoas da paróquia de minha mãe, S. Julião de Lainho (S. Gião está registado no Livro de Notas do Notário de Rianjo, século XVI). Ora, a pessoa com a fala mais bonita é uma vizinha que conheço e me disse que mora na Marinha Grande. Está exposta ao português de Portugal. Conserva a pronúncia do galego da sua aldeia melhorado com léxico bastante correto. "Infelizmente" não conseguiu aprender a fazer o thetacismo. É um caso a redimir. Talvez por isso poderia ser chamada de lusista. Porém carece de qualquer intencionalidade. Nem sabe o que é a AGAL nem o reintegracionismo, mas fala português a teor do critério de Portugal. Um português algo diferente, que poderia ser identificado do Norte, se calhar de Bragança... Ora, quem pode manter que o falar da minha vizinha de Lainho não pode levar o rótulo de "português"? Ou só pode levá-lo a sul do Rio Minho, e, enquanto permanecer no território galego, só pode chamar-se "galego", para não atraiçoar não-se-sabe-que moral?

ACL

Antia Cortiças Leira Wed 29 Nov 2017 11:35AM

@xurxodogalheiro Não concordo com essa apreciação que fazes da minha opinião. Espanholas-(galegas) na Galiza há muitas pessoas... Eu não estou a pensar nessas pessoas, mas mesmo essas pelo menos conheceriam a "uma versão mais alargada" da nossa língua, da sua língua mesmo que essas pessoas não a considerem sua... não sei se me faço entender mas tanto faz. De resto acho que então o galego RAG está perfeito como está sendo=galego-castelhano=portunhol=castrapo, à imagem e semelhança do spanglish.... Essa é uma outra opção para a nossa língua, válida e possível e até, muito factível de facto... dado que é o resultado natural da mistura entre português e espanhol. Poderá ser de facto uma das línguas predominantes do futuro...

RR

Raul Rios Mon 27 Nov 2017 10:08AM

Se o que estamos a debater é a melhor maneira de comunicar com o resto da sociedade galega, acho que a melhor opçom é galego internacional e, adicionalmente, galego-português, ao enfatizarem a identidade do idioma e a sua utilidade internacional. Também gosto das outras opçons, e dependendo do contexto também as utilizo habitualmente na minha vida, mas temos de adaptar a mensagem à audiência.

A

abanhos Mon 27 Nov 2017 10:34AM

Português da Galiza tem uma cousa poderosaA) É um questionamento vem direto do estado e a nossa inserção nele.
B) É a opção mais subversiva

Afirmar-nos portugueses do jeito que for e independentenente do que quiser ou gostar Portugal, é construir uma Galiza des-submetida à Castela(espanha).

Alem disso tudo, todas as denominações são válidas, e há que ter a flexibilidade para usar a que for mais conveniente em cada caso ao destinatário da nossa comunicação.
O que não se pode, é dizer não se deve, é pisicionar ao interlocutar de partida enfrentado a nós como um frontão, deve-se sempre partir do lugar onde ele está e ajudá-lo a caminhar.

Isso sim frente a Castelhano/espanhois e no seu âmbito, sempre português (Da Galiza).
Sobre isso tenho eu uma anedota muito instrutiva, se alguém tiver interesse, conto.

Abanhos

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