Loomio
Sat 14 Mar 2015 1:59PM

Feminicidio

B Barney Public Seen by 21

Gostaria de saber a opinião das bucaneiras sobre a nova qualificadora do crime de homicidio, chamada de feminicidio.

Acho que a vantagem não é tão óbvia como vi pessoas comentando.

Segue texto para reflexão: http://justificando.com/2015/03/13/os-paradoxais-desejos-punitivos-de-ativistas-e-movimentos-feministas/

B

Barney Sat 14 Mar 2015 2:06PM

Aproveito a oportunidade para chamar a atenção pro género no texto. Um grupo feminista com tudo no masculino é foda :p @fabianekravutschke @max (a)rcano33

DU

max (a)rcano33 Sat 14 Mar 2015 2:29PM

Bah que tosco, foi mal kkkk

THK

Tatiana H. Kawamoto Sat 14 Mar 2015 11:39PM

ouká, precisamos chamar as pessoas pra cá pras coisas acontecerem, bora bora

AV

Amanda Vieira Mon 16 Mar 2015 1:37PM

Tatiana,
To com um texto sobre isso que escrevi com uma amiga, a Sheylane. Assim que postar no meu blog te aviso. Mas te adianto que tb fiquei preocupada com a recepção negativa.

Bjs

THK

Tatiana H. Kawamoto Mon 16 Mar 2015 7:21PM

Oi Amanda. Pelo que entendi, o grupo mal começou, nem tem gente suficiente aqui para debater. Precisamos mobilizar mais gente. Daí não entendi o que aconteceu. Qual o contexto da recepção negativa que você recebeu. Onde? Quando foi isso? O que rolou? Aguardo o texto, só me cutucar que eu venho ver e comentar. ahoys

DU

max (a)rcano33 Mon 16 Mar 2015 7:43PM

creio que ela está se referindo a recepção negativa a aprovação da lei do feminicidio @tatianahkawamoto
tbm me assustou isso...

B

Barney Mon 16 Mar 2015 8:14PM

bom, pelo lado técnico, não é a lei melhor redigida. Depois, não vejo como ela muda muita coisa na prática. Por isso queria debater aqui e ver as posições divergentes

DU

max (a)rcano33 Mon 16 Mar 2015 9:31PM

tem como detalhar mais sobre essa parte técnica @paulomartinsdacost ?

AV

Amanda Vieira Mon 16 Mar 2015 10:24PM

Pessoal,

É o seguinte: a gente sabe que leis não mudam o país e blablablabla o país tem muita lei e blablabla e ninguém se preocupa com a aplicação das leis e blablabla. E o pessoal só faz lei ineficiente e blabalbalbla

Então é claro que uma lei como a que torna o feminicídio um crime hediondo gerou bocejos entre pessoas que entendem de leis.

E como eu não sou do mundo das leis, sou comunicadora, jornalista e feminista, então eu tenho uma outra visão da coisa toda. Eu acredito no potencial "educativo" da lei. Pra mim é simbólico que o campo jurídico abrace, de alguma forma, a simples palavra feminicídio.

Nos jornais, crimes como esses são tratados como "crime passionais". As narrativas que se constroem sobre o morrer e matar por amor (não só nos jornais, mas na cultura como um todo) fazem com que as mulheres e pessoas no geral tolerem as violências, considerem a morte de mulheres "um crime menor". Isso não é uma cultura brasileira, é mundial. Mata-se muita mulher no mundo todo e numa proporção muito maior do que o oposto.

Falam mal da Lei Maria da Penha. Ok. Ela é mais complexa do que prender um agressor - ela propõe criação de casa abrigo para as mulheres não precisarem conviver com agressores. Mas daí não tem dinheiro pra construir as casas suficientes e implantar a lei no seu todo. OK. Tem muitos problemas de aplicação da lei, vamos assumir.

Mesmo assim, a Lei ajudou, e muito, para que as pessoas passassem a olhar a violência doméstica como o que ela é: uma violência a ser denunciada. As pessoas têm mais consciência hoje do que há 20 anos. E a lei contribuiu efetivamente para essa conscientização, na minha opinião.

Vou repetir: creio no potencial didático que a lei enseja.

E hoje a gente não pode abrir mão do discurso. Semana passada teve um episódio do seriado Malhação em que um cara sequestrava a namorada e ela dizia não e chorava. E isso foi mostrado como uma coisa "linda" e "romântica". Com a mulher se obrigando a perdoar as tosquices do rapaz "em nome do amor".

A gente subestima os discursos. E a lei é também um discurso. Ela não é só sobre prender pessoas, ela traz conceitos. E eu gosto do conceito que a lei traz porque pelo menos tenta dialogar com a nossa realidade social.

Pronto. Falei. Agora vocês podem discordar.

Beijos,

Amanda

Em 16 de março de 2015 18:31, max (a)rcano33 (Loomio) escreveu:

tem como detalhar mais sobre essa parte técnica @paulomartinsdacost ?

Responda a este e-mail diretamente ou veja em www.loomio.org ( https://www.loomio.org/d/5gmWOhGT/feminicidio?utm_campaign=thread_mailer&utm_medium=email&utm_source=new_comment#comment-567992 ).

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DU

Fabiane K Bogdanovicz Tue 17 Mar 2015 6:43PM

Eu li o texto do link e achei que tem pontos importantes pra reflexão, apesar do juridiquês, que eu vou optar por não comentar.
Eu me considero abolicionista penal. Acredito que o sistema penal é falido, e aposta unicamente em uma ação furada, que é a punição, nunca em prevenção. Além disso, como psicóloga, posso afirmar categoricamente (mesmo eu não sendo da área Comportamental) que investir em punição para reduzir um comportamento indesejado, em vez de investir em reforçamento (recompensa, valorização) para aumentar um comportamento desejado, é uma estratégia ineficaz a médio e longo prazo. A gente sabe que os países que optam por essa estratégia, como Brasil, EUA, e afins, têm cadeias superlotadas, sem diminuição da criminalização.

Concordo integralmente com os pontos levantados pela Amanda. Penso que essas leis sirvam mais para aumentar as representações quanto à violência contra a mulher (mais como algo "errado" e "negativo", do que algo "normal", de "defesa da honra", relativo ao "âmbito privado", e que "em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher").

Posso estar enganada, mas acho que o campo jurídico não é o melhor lugar para ações pedagógicas. Acho que é uma consequência, mas não uma função sua. Assim, se uma lei é o que temos como principal fonte de discurso sobre a violência contra a mulher como algo "errado", me parece que é porque estamos esvaziados de recursos, e precisamos criar novos o mais breve possível (acho que essa parte é óbvia)

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